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Percurso La Durabilité e Sustentabilidade — Reflexões sobre meu processo com o PãoZine* / Ana de Araujo_Inã

SUS-TEN-TA-BI-LI-DA-DE… “Ah, pensar nisso é pra quem tem dinheiro e tempo pra gastar”; “agora não dá pra investir nisso”; “é coisa pra empresa que tem que cuidar do meio ambiente”; “reciclagem de lixo”… Acho que são pensamentos comuns que estão por aí. Ahn, hã… “Senta, Cláudia!” e vamos chegar ao século XXI, que de século XX eu já estou “porraqui”!

Sustentabilidade não é luxo. Pra mim é o COMO tornar possível sustentar ‘algo’ no tempo sem que isto custe os “olhos da cara” do meu ambiente, aliás, também do seu e de todos no aqui-agora e para as próximas gerações, a fim de que o ambiente permaneça cultural, ambiental, social e economicamente ativo por tempo indefinido.

Sim, eu entendo que talvez o termo esteja meio gasto com tanta apropriação indébita acontecida ao longo dos anos, mas sustentabilidade é algo pra ontem porque não dá pra mais para corroborar e colaborar com um sistema falido a tirar o sumo do que dá pra tirar ainda, mesmo que isso f*d@ (…eu ia dizer extermine? ) com “muiiiiita” gente, a exemplo de Brumadinho. Esse é um grande exemplo, mas temos tantos microexemplos cotidianos!

Pergunta: É sustentável trabalhar muitas horas no dia e não ter tempo pra preparar a própria comida, porque “fazer comida demora”? Ou, para pagar pela comida pronta e conveniente e, possivelmente, não tão saudável, é preciso trabalhar mais horas? Sem tempo para comprar e preparar a própria comida é uma preocupação sua procedência e a qualidade da nutrição? Comer essa comida traz consequências para a saúde? Quais? O que acontecerá futuramente com a saúde dos que comem dessa comida frequentemente? Comer assim é sustentável ao longo do tempo? Por quanto tempo?

Me parece um X da questão. Ou não? Se é, como solucionar? Eu tenho netos e urgência!

E sinto agonia em querer resolver minimamente as questões cotidianas da minha sustentabilidade — relações com pessoas, tempo, dinheiro, trabalho, comunicação, consumo, etc; já que não vou mudar o mundo. Nesse tempo complexo de transição do século XX para o XXI só consigo dar conta de mim mesma! E olhe lá que já é coisa demais pra fazer porque tenho que me reeducar, considerando que devo ainda viver umas quatro a cinco décadas.

Vai daí que, cheia dessas minhocas a comer minha massa encefálica, um dia a Vida ( que é misteriosa demais da conta ) me fez tropeçar em 2016 numa coisa chamada Fluxonomia 4D — um sistema de gestão estratégica baseado nas novas economias e em visão de futuro — e trombar com uma turma de gambás e, como diria minha tia Léa: “gambá cheira gambá”! Ai, ai… No meio de pessoas incríveis com suas maravilhosas iniciativas conectadas ao século XXI encontrei a Ângela Schmidt e La Durabilité, sua empresa que oferece consultoria em Sustentabilidade Ampliada.

Ahn?! Senta ainda mais, Ana Cláudia! E relaxa as minhocas, porque há caminho, ou melhor, há percurso, o Percurso La Durabilité.

Pois é… Eu comecei a receber uma mentoria de cinco encontros para minha iniciativa, o PãoZine — Encontros de Pão e Prosa para Saborear a Transição, e já vejo a diferença drástica no meu pensamento e ação ao colocar uma lupa sobre o que é a sustentabilidade para o PãoZine**, compreendendo com clareza qual é o “motor” que dará a impulsão e deixará a iniciativa em movimento ao longo do tempo em um mundo complexo, dinâmico, veloz, muitas vezes feroz e implacável. Um mundo de “entres”, nem-lá-nem-cá, aparentemente incerto, que me exige flexibilidade, criatividade, persistência, assertividade, foco, resiliência, inteligência emocional. Um mundo que se quer em rede e, todavia, ainda não sabemos realmente como fazer isso acontecer direito. É um mundo de desafios. É nele que vou viver ainda um bom tempo, acho… E eu quero viver isso tudo, esse desafio e poder contar como foi, que eu “estava lá”!

Certamente não será fácil, como não está sendo fazer o Percurso La Durabilité, pois não é um trabalho “receita de bolo” — faça isso e aquilo, assim-assado. Não! Exige tempo parar para pensar nas provocações e orientações da Ângela, mas também não é difícil, exige a dedicação do olhar mais que atento, o olhar cuidadoso, artístico-científico, perscrutador, pesquisador. Sinto-penso que é difícil explicar o processo do Percurso, pessoal e intransferível, mas tenho a clareza da percepção do valor que tem, e que dou, ao receber esta mentoria tão assertiva e alinhada às demandas de um futuro desejável e modelos de desenvolvimento sustentável.

Por fim, o que mais está presente até o momento é poder perceber como o PãoZine com sua originalidade tem lastro suficiente para seguir adiante. Acho que entendi que Investir em sustentabilidade é poder fazer escolhas melhores porque mais conscientes, saber o que priorizar para planejar sem ser um “modelo-caixote” no qual o PãoZine não vai conseguir se encaixar, posto que já é uma iniciativa nascida da Fluxonomia 4D e feita para o século XXI.

De bônus ganhei um bocado de energia e alegria para continuar acreditando que vale tentar ser “só mais um” a remar para atravessar essa arrebentação — a Transição — para um novo modelo de viver e conviver.

*O que é o PãoZine?

· Uma pesquisa sobre como uma rede de compartilhamento e colaboração se forma e se sustenta no tempo;

· Um experimento de aplicação da Fluxonomia 4D;

· Um minievento que acontece em encontros mensais, onde as pessoas comem, conversam sobre a Transição e fazem outras atividades diversificadas.

**A Sustentabilidade do PãoZine nasce dos valores, desejos e ações que estão no seu coração: O Encontro Profundo — que acontece quando os participantes escolhem vir por um desejo intrínseco de estar e compartilhar um lugar de acolhimento, confiabilidade, criação e transformação, alimentando de energia cada um e o espaço, facilitando a presença para viver o momento, integrando o sentir, o perceber, o pensar e o agir, assim, ocorrendo a liberdade para cocriar pelo contato consigo mesmo, na interação com o outro e pela sensação de pertencimento ao Nós.

Como resultado é possível mensurar os benefícios que participar da experiência traz para os participantes da rede, sustentando a vida do PãoZine e gerando as riquezas do processo: produção de sentido e propósito comum; fortalecimento do campo mórfico pela comunicação fluída; soluções cocriadas e aprendizagem coletiva; economia do uso do tempo compartilhado.

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Ana de Araujo_Inã Vivá Teceberaba

Criativa, curiosa e inventadeira, adoro escrever, desenhar, contar histórias, brincar, dançar, estar em roda, prosear, pensar “como seria se…” e um bom desafio